O papel das HR Tech na inserção das mulheres no mercado de trabalho

Apesar das mulheres representarem quase 52% da população brasileira, quando falamos do mercado de trabalho esse indicador é muito diferente. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua realizada pelo IBGE ao longo de 2021, entre as pessoas ocupadas, na força de trabalho, a participação de mulheres foi entre 41% e 47% nos quatro trimestres, mas finalizando o ano com apenas 42,5%. Além disso, pesquisas de instituições como a FGV revelam dados muito alarmantes: a participação de mulheres no mercado de trabalho é 20% inferior à dos homens. 

As HR Tech vieram para transformar o universo de Recursos Humanos por meio da tecnologia, automatizando processos e digitalizando tarefas, mas não podemos esquecer que essa transformação tem um impacto social muito maior. Por este motivo, neste Dia Internacional da Mulher, gostaríamos de refletir sobre nosso papel na inserção das mulheres no mercado de trabalho.

Na TAQE, 54% das pessoas cadastradas em 2021 foram mulheres, um indicador que segue a média de gênero no Brasil e mostra o interesse delas por uma vaga de emprego.

Mas quando olhamos para as contratações, podemos ver o potencial transformador da tecnologia: 66,70% das pessoas contratadas em 2021 foram mulheres. 

Esse dado nos deixa muito entusiasmados porque sabemos que não é um resultado aleatório, pois existem dois fatores fundamentais na TAQE que acreditamos estar contribuindo:

1. Engajamento e determinação

No aplicativo existem diversas missões para preparar as pessoas para o mercado de trabalho. Os testes permitem acesso a diversas vagas, enquanto aulas e outras atividades opcionais capacitam jovens para os processos seletivos. Já é comum nos nossos indicadores identificar que as pessoas que avançam mais nas trilhas de capacitação são mais contratadas. Entretanto, este ano decidimos identificar como era esse avanço em relação ao gênero e como estava contribuindo para que 67% das pessoas contratadas fossem mulheres.

Os dados realmente são surpreendentes.

Enquanto 60,4% dos homens cadastrados na TAQE realizam apenas as atividades mínimas para concorrer às vagas, 69,5% das mulheres superam esse níveis iniciais e avançam consumindo mais atividades e missões para seu desenvolvimento.

Ou seja, esse engajamento está contribuindo para que a taxa de contratação entre mulheres seja maior.

2. Processos sem viés

Um dos nossos pilares é ajudar empresas a identificar os candidatos e candidatas mais alinhadas ao perfil da vaga, eliminando possíveis vieses que acontecem quando existem poucos critérios de triagem, como é o caso dos cargos de entrada. Como os candidatos têm pouca ou nenhuma experiência profissional, o recrutador utiliza percepções individuais para avaliação, suscetíveis de preconceitos em relação ao gênero, escola ou faculdade que estuda, entre outros.

Por esse motivo, desenvolvemos algoritmos e funcionalidades que ajudam a identificar candidatos e candidatas mais alinhadas com a vaga utilizando outro tipo de dados, como perfil comportamental, habilidades, localização e percentual de afinidade.

Com essa tecnologia, conseguimos que o talento e potencial das pessoas seja percebido, sem importar o gênero, e muitas mulheres consigam se destacar no processo seletivo.

A dimensão de raça-etnia também é fundamental

Apesar dos números otimistas que identificamos na plataforma TAQE, ainda temos um longo caminho pela frente para aumentar a inserção de mulheres no mercado de trabalho. Um desses desafios é o aumento da contratação de mulheres negras (pretas e pardas). Atualmente, 17,11% das mulheres contratadas nos processos seletivos da TAQE são pretas e 35,53% são pardas. Apesar de ser um bom indicador como ponto de partida, ainda mais porque se mantém em relação ao percentual de mulheres pretas e pardas que se cadastram (ou seja, não identificamos diminuição), compreendemos que sistemas como os nossos precisam contribuir na inserção dessas mulheres na força de trabalho.

Segundo o estudo de 2020 “Potências (in)visíveis: a realidade da mulher negra no mercado de trabalho”, parceria entra a consultoria Indique uma Preta e a empresa de pesquisa Box1824, apesar de representarem a maior força de trabalho no país, a população negra segue sub-representada no mundo corporativo. As mulheres negras representam 28% da população, mas recebem apenas 44% do salário de um homem branco, possuem menor presença em cargos de liderança e somam menos do 7% de contratações em São Paulo.

Transformação cultural

Todos os dados mencionados anteriormente comprovam que a tecnologia pode contribuir na inserção das mulheres no mercado de trabalho, mas também é necessário o compromisso de muitas empresas que usam nosso sistema para que isso ocorra. Por isso, é fundamental reconhecer todas as iniciativa que tem empreendido as companhias para promover processos inclusivos e preparar seus gestores e equipes.

E, claro, não podemos deixar de mencionar o papel das pessoas que trabalham no dia a dia da TAQE para que esse tipo de impacto aconteça. Apesar do universo de startups sofrer com uma predominância masculina, na TAQE 54% da equipe são mulheres, muitas delas na área de tecnologia e cargos de liderança. Para uma empresa como a nossa, que conta com duas mulheres fundadoras, é importante reconhecer essas conquistas e, ao mesmo tempo, nos comprometermos para desbravar todos os desafios que ainda existem para nós.