Cultura corporativa não é só uma sala cheia de pufes

Por Bruno Rodrigues, CEO da GoGood, empresa de saúde corporativa

Fonte:  Mundo RH

Para promover uma boa cultura corporativa é necessário investir nas pessoas, e se preocupar se elas estão satisfeitas

 O RH está conseguindo dar passos largos na inovação conforme a popularização e o avanço das HRTechs, como são chamadas as startups que desenvolvem tecnologia para o setor. Esse movimento vem ao encontro com a dificuldade de contratar mão de obra especializada e a urgência pela mudança e agilidade. A época em que o RH era um setor isolado da empresa ficou pra trás, hoje, os profissionais precisam se comunicar com os times e preservar a cultura corporativa.

Com essa nova perspectiva de RH mais próximo e menos amedrontador, é possível desenvolver ações que realmente impactam na vida dos colaboradores. Hoje, uma das principais queixas dos talentos que estão insatisfeitos com seus empregos é a cultura corporativa e a impossibilidade de alinhar a vida profissional com os valores pessoais particulares. Ajudar essas pessoas, de verdade, faz parte do RH do futuro.

Mas o que quero dizer com ajudar de verdade? Na minha experiência dentro do setor de tecnologia e em contato com diversas empresas, já ouvi profissionais se glorificando por terem uma sala cheia de pufes coloridos e uma mesa de sinuca. Como se o simples fato de ter esses apetrechos fosse uma grande inovação. Veja bem, quero dizer que é bom poder ter um espaço de descompressão legal, mas nada adianta se você não dá suporte para o talento desenvolver novas habilidades ou enfrentar desafios. Nada adianta se não houver propósito.

Para promover uma boa cultura corporativa é necessário investir nas pessoas, e se preocupar se elas estão satisfeitas. Um outro exemplo é a moda do vale-academia. Esse tipo de benefício é fantástico! Promete melhorar a qualidade de vida dos colaboradores, facilitar o acesso a exercícios e até aumentar a produtividade. Mas, quando uma empresa oferece esse recurso isoladamente, ela pode estar caindo na mesma armadilha da sala colorida cheia de pufes, que no fim do dia não tem propósito nenhum.

Muitas academias lucram mais quando os clientes não comparecem, e por isso acabam não investindo de fato no engajamento do time. Agora imagine você bancar um benefício desses, e mais da metade do time não participar de nenhuma atividade? É um grande desperdício, não é mesmo? Por isso, se você está buscando inovação dentro do RH da sua empresa, é importante investir em ferramentas que promovem engajamento, para melhorar a cultura corporativa local.

Segundo a consultoria Great Place to Work (GPTW) um bom ambiente de trabalho é feito por pessoas. Durante o processo do GPTW para avaliar a qualidade do ambiente de trabalho, eles investigam cinco dimensões fundamentais: credibilidade, respeito, imparcialidade, orgulho e camaradagem. Como você está fomentando essas dimensões na sua empresa?

Por exemplo, há espaço para feedbacks honestos? Se um colaborador chegar com um desafio, qual vai ser seu comportamento? Você vai ouvir? Vai buscar uma solução em conjunto ou vai dizer que o trabalho é assim mesmo, e que ele tem é que ficar feliz e parar de falar? Cuidar de pessoas pode ser fácil se você se mostrar aberto a entender os desafios de cada colaborador. Assim você vai entender também o que pode melhorar para a rotina dele ser mais produtiva e feliz.

O tempo em que o RH ficava trancado na salinha tentando adivinhar quais ações seus colaboradores gostariam, morreu. Saia da sala, pergunte para eles, e invista no que eles comunicarem. Invista nas pessoas.