Turnover: tudo o que você precisa saber sobre rotatividade nas empresas

Umas das análises mais importantes feitas por quem trabalha com Recursos Humanos é a análise de turnover. Mas você sabe o que é? Como calcular? Os tipos e até o que gera o famoso turnover? Não? Então você está no lugar certo! A seguir, confira tudo o que precisa saber sobre esse assunto.

O que é o turnover?

A palavra turnover é originada da língua inglesa, sendo traduzida como: “virada” ou “renovação”. No RH, essa nomenclatura é indicada como “rotatividade”. Basicamente, os Recursos Humanos utilizam esse termo para levantar informações acerca da rotatividade de funcionários na empresa.

Para entender melhor, o turnover medirá o número de entradas e saídas de colaboradores, sempre de acordo com algum período em específico. Essas questões podem variar de voluntárias ou involuntárias, vamos nos aprofundar mais sobre este tema no próximo tópico.

Quais tipos de turnover existem?

Bom, dentro do turnover existem diversos tipos, que caracterizam a ação do colaborador sendo desligado da empresa. Dessa forma, explicaremos cada um deles.

Voluntário

Esse é o principal, ocorre quando o funcionário voluntariamente decide se desligar da empresa, como a própria nomenclatura já indica. Os motivos podem variar entre:

  • O funcionário recebeu uma proposta melhor de outra instituição, optando por seguir esse novo caminho;
  • O funcionário possui conflitos internos, que leva a decidir por não continuar no atual emprego;
  • O funcionário não vê possibilidades de crescimento, como um plano de carreira. Decidindo seguir por um novo caminho, deixando de lado o tempo investido.
  • O funcionário opta por seguir uma nova carreira, por motivos variados, se desligando do seu atual emprego. Um exemplo: o colaborador decide abrir um negócio próprio, não tendo mais tempo de cumprir as jornadas de trabalho impostas.

Muitos dos motivos podem estar ligados à saúde mental do funcionário. Onde o ambiente tóxico acelera o processo de escolha e opção de desligamento voluntário. A saúde mental é um tema muito sério e relevante para esse assunto. A Unimed levantou um artigo que trata o assunto dando dicas e hábitos que ajudarão nessa causa, no ambiente de trabalho.

Involuntário

O mais caro da lista, é originado a partir do desligamento do funcionário a pedido da empresa. No caso, a demissão. Por ter que arcar com os direitos trabalhistas, fica conhecida pelo alto valor a ser destinado. Podendo ocorrer pelos devidos fatores:

  • Demissão por justa causa;
  • O funcionário não se adaptou às regras e normas da corporação;
  • Baixa produtividade e falhas constantes;
  • Conflitos com outros membros da equipe ou com a gestão;
  • Problemas financeiros do empregador.

Outro ponto negativo nesse turnover, é o processo ao demitir um funcionário. Pois, irá gerar uma nova seleção para a substituição e tempo de adaptação do novo colaborador. O que resultará na diminuição de resultados por um breve momento. Tudo irá gerar mais gastos e possíveis diminuições da receita ou produção.

Funcional

A situação apresentada aqui, é de um funcionário com baixa produção ou resultados muito abaixo, e que acaba pedindo o desligamento da empresa. Dessa forma, a organização poderá reposicionar um novo colaborador, mais capacitado, para substituição, não precisando arcar com os custos da rescisão exigidos pela CLT – Consolidação das Leis do Trabalho.

Os motivos para isso correr, podem estar ligados com:

  • Falta de feedback, mostrando pontos a serem melhorados e incentivo para os funcionários buscar melhores resultados e capacitação no geral;
  • O funcionário está descontente com a gestão, não vendo atenção e preocupação com a sua presença.

Esse é o caso que gera mais comentários negativos, partindo do colaborador a empresa, principalmente em sites específicos para essa prática.

Disfuncional

Esse caso pode ser o mais problemático. O Turnover disfuncional é totalmente o contrário do funcional. Aqui, o funcionário que deseja se desligar da empresa possui um bom rendimento e importância significativa no quadro de funcionários. Sendo um colaborador que irá gerar uma difícil substituição, além do tempo maior para o novo contratado se adaptar e entregar na mesma proporção e eficiência.

É importante a organização ficar atenta a essa questão, pois significará problemas no ambiente e condições dadas aos funcionários. Perder um colaborador importante, pode desencadear a saída de outros do mesmo nível. O que não é interessante, gerando um desconforto na imagem da companhia.

Como calcular o turnover na sua empresa?

Antes de fazer o cálculo de fato, é preciso levantar três importantes informações acerca da empresa e definir um período para ter os dados somados. Então siga esses processos:

1 – Descubra o número total de funcionários;

2 – Escolha um período que deseja mensurar (os mais utilizados: mês, semestres e ano);

3 – Veja o número de funcionários admitidos nesse período;

4 – Encontre o número de funcionários demitidos nesse período.

Segue o cálculo: total de admissões + total de demissões/ 2 / número de funcionários ativos*100.

Para quem não entendeu: some o número de admitidos e demitidos e divida por dois. O resultado, você divide pelo total de funcionários. Por fim, multiplique por 100.

Exemplo:

Ação Números
Período de análise 30 dias
Admissões no período 15
Demissões no período 7
Total de funcionários 60

A conta:

P1: 15+7 = 22/2 = 11

P2: 11/60 = 0,18

P3: 0,18×100 = 18,3%

Resumindo: a empresa possui um turnover de 18,3%. Cerca de 18,3% dos funcionários foram substituídos nos últimos 30 dias.

Vamos facilitar mais. Gosta ou usa Excel? Você poderá aprender a calcular e organizar melhor um turnover com planilhas. Abaixo, confira o canal Excel com Alexandre Reis, que ensinará a executar a fórmula matemática aplicada para descobrir a porcentagem de turnover de uma análise mensal ou anual. Além disso, descubra como fazer um gráfico de linhas combinado com colunas para visualizar os números da rotatividade.

Para facilitar o entendimento desse tópico que causa tanta confusão para diversos profissionais de RH, separamos um vídeo que irá desmistificar essa conta:

Qual o turnover ideal?

A média ideal irá depender do empregador e de seu segmento. Um turnover alto, indica problemas, pois a alta rotatividade pode significar falta de benéficos, ambiente ruim e empresa sem compromisso. Tudo isso, só servirá para manchar a reputação da sua organização. Então o ideal é ter um turnover de 0%? Também não. A rotatividade de funcionário é de extrema importância, pois evitará os temidos “comodismos”.

Para entender mais, a Forbes, revista estadunidense sobre economia e negócios, publicou um artigo falando sobre a baixa rotatividade de funcionários e o que pode gerar de negativo em sua empresa. Por lá, foi mencionado: “Sem uma reposição constante de novos talentos e ideias, as organizações correm o risco de estagnar ou, pior, de serem vítimas de um pensamento de grupo tóxico”.

Por isso, vale sempre entender o que está ocorrendo em seu quadro de funcionários. Perceber e alinhar as melhores decisões, para não perder funcionários importantes e visar a substituição daqueles que não encaixam devidamente ao grupo.

Afinal, turnover é bom ou ruim?

Depende do seu ponto de vista. Para o funcionário, pode ser considerado péssimo, pois é a empresa avaliando possíveis demissões, isso nem sempre é bom. Já para a empresa, o turnover é essencial, pois, montará estratégias e entendimentos relacionados ao ambiente e condições da organização referente ao quadro de funcionários.

Mas como dito no início desse tópico, tudo irá variar do ponto de vista: uma incidência gigante de turnover apenas voluntário é ruim para a empresa, pois significa que ninguém quer trabalhar lá. Já um turnover disfuncional, será a simulação perfeita a qualquer companhia, pois avançará o processo de substituição de uma equipe para uma mais qualificada.

O que causa um alto índice de rotatividade?

Diversos são os casos. Existem problemas infinitos, pois, muito disso é pessoal de cada um. De forma genérica, citaremos as principais causas, entre elas:

Falta de benefícios

Muitos funcionários trocam de emprego apenas pelos benefícios oferecidos na concorrência. Uma empresa que oferece mais, acaba sendo uma opção mais viável, às vezes, sendo até ignorado outros pontos, como as maiores cobranças e maiores demandas de trabalho. Benefícios também demonstram a vontade de uma empresa de querer ter o funcionário por muito tempo, sem transmitir que será algo temporário, por exemplo. Trabalhar a confiança de um empregado é um ponto que ajudará a diminuir os altos índices.

Questão salarial

Um dos principais motivos de se trocar de empresa, é buscar por algo que seja mais rentável, no caso, um salário maior. Para um funcionário se manter, mesmo recebendo propostas salariais maiores, deve-se muito a questões como: benefícios (abordado no tópico anterior), distância ao local de trabalho (às vezes a proposta pode ser de outra cidade, estado e até país; o que moveria uma logística) e planos de carreira. Esse último ponto surge ao lado da confiança e na vontade do colaborador em seguir um projeto.

Ambiente tóxico

Sabe aqueles gestores ou colegas de trabalho que tornam o ambiente extremamente pesado e difícil de lidar? Essa questão é séria, pode levar o funcionário a partir em busca de novos ares. Por isso, é vital a empresa ter uma comunicação mais direta para poder entender o que se passa em seus setores. Ponto abordado no próximo tópico.

Falta de comunicação

Simples. Sem uma comunicação mais direta, como a empresa saberá o que se passa em seus departamentos? Pesquisa de clima e feedbacks são boas alternativas para levantar pontos cruciais de melhora.

Falta de valorização

O que faz um turnover disfuncional acontecer? Como um funcionário importante, que rende e é vital para a produção pede demissão? Básico, falta de valorização. Se você é um funcionário tão importante, a empresa precisa demonstrar isso, e não é só com palavras.

Causas normais

Uma aposentadoria ou licença, são questões que a empresa não controla. Se um funcionário decide, enfim, pela aposentadoria, não é questão de a empresa tentar mudar ele de ideia. Mas sim, buscar novos talentos para suprir essa ausência.

Como identificar um alto índice de rotatividade?

Através do cálculo que já ensinamos a você (ler tópico: ‘Como calcular o turnover na sua empresa?’).

Com o cálculo em mãos e analisando um período específico, você terá uma ideia mais ampla da situação que a empresa se encontra. Para alguém de fora ou que está chegando ao departamento de RH, para visualizar isso, basta notar o alto índice de demissões e a frenética busca por novos talentos em diversos ciclos de contratação. Por aí, já terá uma ideia melhor do que a organização vem passando.

Agir é a primeira medida. Entenda os motivos das demissões. Veja as condições entregues pelo empregador ao empregado. Faça as contas e marque o caminho para as melhorias.

Qual a diferença entre turnover e absenteísmo?

Mesmo tendo definições diferentes, o turnover e o absenteísmo estão lado a lado no que se refere a possíveis problemas estruturais da empresa. Dessa forma, vamos entender melhor o que é cada um:

Turnover:

Como já explicado em todo o artigo, o turnover representa a rotatividade de funcionários na empresa. Basicamente um cálculo que servirá para ter uma base do que está ocorrendo, sendo o início de uma estratégia com melhoras.

Absenteísmo:

Aqui, é medido o número de colaboradores que se ausentam do trabalho, seja por faltas ou atrasos.

Ambos os campos são fundamentais para organizar estratégias e os entendimentos dos problemas relacionados aos colaboradores. Um funcionário que passa a se ausentar constantemente, sem justificativa ( absenteísmo), provavelmente será categorizado ou como turnover voluntário ou involuntário. Dependerá de quem tomar a atitude primeiro, seja o empregado ou o empregador.

Para fixar as diferenças entre o Turnover e o Absenteímo desenvolvemos um infográfico:

qual-a-diferença-entre-turnover-e-absenteismo-infografico

10 dicas para reduzir o índice de turnover na empresa

É dono de empresa ou trabalha no RH? Então como bônus, deixaremos 10 dicas interessantes para você colocar em prática.

1. Dar voz aos funcionários

Um ponto que a maioria precisa: é ser ouvido e receber a devida atenção. Isso vale ao funcionário. Talvez, ele não queria aumento, benefícios ou promoção. Mas uma conversa, um desabafo, sentir que está sendo visto e que possui a atenção necessária.

2. Analisar benefícios mais importantes e solicitados

Mas claro que a imensa maioria precisa de aumento, benefícios ou promoção.  A empresa precisa dar benefícios, caso queira em troca, funcionários por um bom tempo e uma taxa de rotatividade justa. Mas para isso, precisa criar regalias que impulsionem a felicidade do seu colaborador: auxílio gasolina, vale-refeição e auxílio creche, são exemplos de cuidados que o funcionário passará a valorizar mais o local de trabalho.

3. Criar um ambiente mais leve, menos focado no trabalho.

Um ambiente que fique 100% direcionado a trabalho, trabalho, trabalho e trabalho, custa a saúde mental dos seus funcionários, que se veem presos e desesperados por liberdade, enquanto cumprem sua jornada diária. Apostar em cantinhos que fujam dessa visão é uma solução eficaz, como aqueles lugares com vídeo game e outros tipos de jogos. Resumindo: um local para descansar a mente.

4. Criar horários mais flexíveis

Essa questão poderia estar como benefícios, mas resolvemos deixar em um tópico como ideia separada. Horário flexível é algo bem visto pela classe de trabalhadores. Poder fazer seu horário, cumprido a carga horária exigida, é um bem incrível, principalmente para quem já tem família e precisa ter horários diferentes ao longo da semana.

5. Bonificações justas

Como compensar um bom trabalho e uma produção exemplar? Com bonificações justas e de relevância. O que impulsiona a produção e o sentimento de estar ganhando mais por fazer mais ou melhor.

6. Mais sensibilidade

Tem empresa que não possui um pingo de sensibilidade com seus colaboradores. Às vezes, é isso que falta. Os funcionários estão se amontoando no refeitório durante o horário de almoço? Que tal reorganizar o horário de almoço de todos? Ou quem sabe aumentar o espaço. Enfim, a sensibilidade de notar pequenos problemas é importante para trazer um pouco de conforto a quem trabalha no local.

7. Fazer o funcionário fazer parte e criar um sentimento de orgulho por ele trabalhar na empresa

Sabe o sentimento de “que orgulho trabalhar aqui”. Se o seu funcionário não possui isso, é interessante repensar algumas atitudes. Investir em causas filantrópicas e de auxílios aos mais necessitados, pode trazer um sentimento de união e de buscar por um mundo melhor. Propagandas institucionais envolvendo os funcionários é outro ponto interessante que poderá despertar esse sentimento.

8. Organizar confraternizações a altura da equipe

Os setores bateram as metas do ano? Que tal organizar um espaço e reunir todos para uma festa de confraternização? Quer algo menor? Incentivar os gestores e organizar os populares “happy hour”, com todo departamento, naquela sexta-feira pós serviço e no pré-final de semana.

9. Plano de carreira

Já mencionamos isso algumas vezes. O plano de carreira é importante para dar uma sensação de progresso na carreira profissional do seu colaborador. Trabalhar e ficar travado na mesma função ou cargo pode desanimar qualquer um! Isso gera o Turnover voluntário (leia o tópico: “Quais os tipos de turnover existem?”).

10. Transparência.

A empresa precisa sempre transmitir transparência e confiança aos seus colaboradores. Seja por meio de comunicados, reuniões ou transmitidos pelos próprios gestores e diretores. A transparência gera confiança e segurança.