Saúde mental da mulher no mercado de trabalho

Que o Home Office facilitou a vida de muitas pessoas já não é mais novidade. Porém, ao falarmos de desigualdade de gênero da mulher neste contexto, o cenário é outro.

Uma pesquisa feita pela empresa Workana em 2020 mostrou que 31,3% das mulheres cuidam dos filhos enquanto trabalham. Esse número passa para quase 50% quando falamos das mulheres brasileiras. 

Já entre os homens brasileiros, apenas 11,1% disseram acumular as duas tarefas, ou seja, trabalhar e cuidar das crianças. Esse número aponta que as mulheres acabam tendo mais dificuldade de concentração no trabalho do que os seus parceiros. 

E por conta disso, a saúde mental das mulheres está sendo impactada por fatores relacionados a essa divisão de trabalho entre gêneros. Tradicionalmente a mulher acaba assumindo os cuidados com a casa, com os filhos, e muitas vezes com o marido também. Além disso, ela precisa administrar o próprio trabalho, o que pode ser muito estressante.

A pandemia também agravou esse cenário. Uma pesquisa da Woman in the Workplace 2020 (Mulheres no trabalho em 2020) apontou que a probabilidade de mulheres em posições estratégicas deixarem seus cargos é 1,5 vez maior comparada aos homens. 

E um dos motivos do desligamento, é que três a cada quatro apontam o esgotamento emocional como o fator principal. 

As empresas precisam investir na qualidade de vida de seus colaboradores, prestar atenção nas desigualdades de gênero e propor ações sobre isso, enquanto oferecem um ambiente acolhedor com segurança psicológica, para fazer com que as pessoas queiram ficar.

A saúde mental da mulher

Cerca de 42% das profissionais convivem com sintomas da síndrome de burnout. E ainda assim, elas planejam o dia, respondem e-mails, lideram equipes e comandam reuniões, além de tomar conta da casa e dos filhos. 

Apesar de parecer que as mulheres têm disposição e produtividade de sobra, na verdade elas estão ficando cada vez mais cansadas. 

Em um levantamento realizado pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), durante a pandemia de Covid-19, 40,5% das mulheres apresentaram algum indício de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,7% de estresse. 

A pesquisa feita pelo Instituto FSB, em parceria com a seguradora SulAmérica apontou o mesmo cenário: 62% das brasileiras dizem que a saúde mental piorou durante o isolamento social, contra 43% dos homens. 

O que isso significa? 

Os números das pesquisas mostram que as colaboradoras se desgastam em um nível muito maior, pois fazem planejamentos mais detalhados do que o necessário para provar seu ponto de vista ou participam de reuniões mais prolongadas para atestar que dominam determinado assunto. 

Além disso, em muitos lugares, há a tensão de estarem em um ambiente majoritariamente masculino, o que pode ser o caso de muitas executivas em posições de comando. Esse cenário se agrava quando falamos de mulheres negras e LGBT+, quando a pressão e o sentimento de não pertencimento tendem a ser maiores. 

Fazer processos seletivos buscando a equidade de gênero pode ajudar. Hoje em dia existem diversas plataformas, como o TAQE, onde é possível escolher um candidato sem saber qual o seu gênero. Experimente o TAQE para promover processos com equidade de gênero.

Mulheres na área de RH

Na área de Recursos Humanos, as mulheres são a maioria – 3 a cada 4 profissionais são do gênero feminino. Muito desse cenário se deve ao contexto histórico, que acaba levando mais mulheres aos cargos de humanas do que os homens. 

Entretanto, é cada vez mais visível que as empresas que se preocupam com a diversidade estão dando mais espaço para a liderança feminina. Vale lembrar que liderança, talento e criatividade não tem raça, nacionalidade, idade e muito menos relação direta com o gênero da pessoa.

Apoiar mulheres e promover lideranças femininas é uma das ações para começar a igualdade nas empresas. 

O relatório da Women in the Workplace

A pesquisa feita pelo Mulheres no Local de Trabalho revelou ainda que três grupos, em especial, tiveram mais dificuldades na pandemia durante o Home Office:

  • mães
  • executivas seniores
  • mulheres negras

Muitas delas manifestaram o desejo não só o desejo de mudar de carreira, como o fizeram. 

As mães têm a tendência de se preocupar mais com as interferências dos filhos do que os homens, gerando mais ansiedade. Já as mulheres em cargos sêniores sentiram necessidade de trabalhar mais do que os homens, gerando um esgotamento que chegou a 39% (nos homens esse número foi de 28%).

O grupo mais afetado foi o de mulheres negras. Elas tiveram menos apoio dos gestores e muitas relataram sofrer discriminação no ambiente de trabalho. 

Saúde mental é necessidade

A procura crescente por ações que valorizem o bem-estar das equipes tem deixado de ser uma opção para se consolidar como uma obrigação. 

Com o retorno aos escritórios e à vida social pré-pandemia pode aumentar a necessidade de apoio psicológico para os profissionais, uma vez que o convívio diário com as pessoas pode ser uma fonte de estresse para quem passou tanto tempo em casa.

Especialistas dizem que o mais recomendado para o momento é o regime híbrido aliado com um acompanhamento para que a transição seja tranquila tanto para os colaboradores quanto para os líderes. 

Como ter mais bem-estar no trabalho

Abaixo, confira a lista com alguns passos que é possível seguir para ter mais bem-estar: 

Cuide da saúde mental

Uma pesquisa feita com gestores nos Estados Unidos mostrou que somente 31% deles tem como prioridade melhorar a saúde mental dos seus funcionários. Apesar do processo ser pessoal, é importante ter apoio da equipe, supervisores e instituições.

Quando falamos de mulheres negras, o cenário fica mais complicado, pois 50% das participantes do estudo disseram ser a única pessoa negra na empresa. Além disso, elas tendem a se sentirem desconfortáveis para falar sobre a vida pessoal no trabalho e têm quase duas vezes mais chances de afirmar não ter aliados na organização.

Atuar com foco na diversidade e no diálogo sem julgamentos, deve ser o objetivo principal das empresas, pois só assim elas conseguem ajudar os colaboradores a se sentirem confortáveis em falar sobre situações diversas e a buscar o apoio necessário.

Para isso, algumas empresas ajudam e incentivam os funcionários a, uma vez por ano, fazer uma autoavaliação de saúde mental. 

Reavalie as normas

A pandemia desencadeou em muitas pessoas a necessidade de estar sempre online/conectado. E isso fez com que a barreira entre trabalho, tarefas de casa e lazer desaparecesse.  

Com esse novo cenário, é preciso avaliar novamente as normas e investir em modos de prevenir o esgotamento mental. O mais indicado é que as empresas reforcem os limites das vidas pessoal e profissional e tenham uma comunicação eficaz com os colaboradores.

Ao ser mais flexível com os horários, a companhia pode ajudar a melhorar o bem-estar no trabalho e fazer com que o colaborador se sinta mais à vontade em procurar apoio dos seus líderes.

Mostre os recursos disponíveis

O bem-estar é importante no ambiente de trabalho, mas é importante também comunicar o que a empresa está fazendo para melhorar o suporte à saúde mental dos seus colaboradores. 

Entre as ações a serem realizadas é possível compartilhar depoimentos de mulheres, por exemplo, sobre as experiências que passaram e as situações superadas no dia a dia de trabalho.

Avalie os resultados

Quando as ações estiverem implementadas, é preciso acompanhar os processos e analisar os resultados, pois sem o monitoramento, não há como saber se as ações aplicadas funcionam.

É possível fazer pesquisas, painéis de experiências vividas e avaliação de bem-estar, por exemplo, para verificar se as medidas ajudaram os funcionários.

Os limites entre trabalho e vida pessoal estão cada vez menores, e os líderes precisam ser proativos e inovarem nos processos e sistemas. 

As mudanças para melhorar a saúde mental no ambiente de trabalho acontecem aos poucos, e o ponto de partida é melhorar a cultura e investir em um ambiente mais inclusivo para todos.