Tendência de recrutamento: match cultural. Entenda o porquê é importante

Se os sonhos dos jovens mudaram, as relações profissionais também tiveram o mesmo destino

Não é necessário ser muito experiente para lembrar que os maiores sonhos dos jovens até pouco tempo atrás era a casa e o carro próprio. Essas preferências ainda existem, mas já não estão na top da lista dos sonhos.

Em termos de carreira também não é diferente. Antes, era linear. Hoje, é uma trilha de carreiras. Lana Brandão, que é diretora de gestão de pessoas da XP e Maria Eduarda Silveira, gerente de recrutamento da Robert Half, trazem algumas reflexões sobre a importância do match cultural dentro da área de recrutamento e seleção . Além disso, elas abordam como essa estratégia ajuda as empresas a contratarem esses novos jovens, com novas ambições, sonhos e planos de carreira.

Lana diz que a pandemia sim acelerou essas mudanças no campo profissional das pessoas, principalmente dos jovens, porém essa tendência já havia sendo lançada antes mesmo da crise. “As pessoas têm planejado suas carreiras de maneira diferente. Não é uma coisa linear que elas vão escolher naquele momento e seguir para toda a vida. Podemos ter quatro, quem sabe cinco carreiras, mas onde você quer começar?”, questiona.

A resposta é muito simples: match cultural resolve muitas dessas questões. Se os sonhos mudaram, as relações profissionais também tiveram o mesmo destino, sendo tratadas cada vez mais como uma fatia da vida pessoal.

O match já vem sendo trabalhado há alguns anos e teve seu início nos aplicativos de relacionamento . O match, neste caso, nada mais é do que uma conexão entre duas pessoas que tendem a ter mais chances de se relacionarem, pois apresentam os mesmos gostos, anseios.

Quando trazemos esse conceito para o meio profissional, acabamos encontrando profissionais que precisam de qualificação técnica, mas estão prontos para um “relacionamento sério” com a empresa, pois compartilham dos mesmos valores. “Posso não ter todos os skills, mas preciso achar uma empresa e função que estejam de acordo com meus propósitos”, explica a especialista.

Maria Eduarda Silveira confirma a tendência. “É perceptível uma necessidade de trabalhar com propósito. Não quer dizer que a remuneração não importa, mas vem atrás de um desejo de trabalhar em um lugar que você se identifica”.

Quando isso acontece, há benefícios para as duas pontas do negócio; tanto para o lucro da empresa quanto para o crescimento do profissional. E então a magia acontece porque “você vê aquilo não só como um trabalho, mas também como uma realização pessoal. Assim o percentual de doação é muito maior”, revela Maria Eduarda.

A mensagem da atualidade é clara: a cultura e o DNA precisam estar alinhados, impactando nos processos de contratação. As grandes empresas precisam se adaptar para conquistar a nova geração, visto que há muitas opções no mercado atualmente. “Não adianta contratar alguém que não vai ficar na minha companhia por muito tempo por incompatibilidade de valores”, diz Maria Eduarda.

Flexibilidade , inclusão e diversidade são algumas palavras-chave dos anseios da atualidade, porém, o match cultural não depende apenas dos esforços das empresas. É importante destacar o papel do candidato no processo. As informações sobre o funcionamento de uma companhia estão a um clique de distância. “Saiba como a banda toca naquele local e reflita. Não existe cultura certa ou cultura errada, existe o o match cultural que funciona para a empresa e para o candidato.”

Para profissionais experientes também houve mudanças

Quando trazemos esse assunto para os profissionais que já conquistaram um cargo sólido, mas não estão felizes com o trabalho, Maria Eduarda destaca a importância de se resolver consigo mesmo antes de tomar qualquer decisão. Se existe a percepção de que nada mais naquela função o está desenvolvendo profissionalmente, é hora de conversar com outras pessoas para saber quais as possibilidades de mercado.

Ligar o piloto automática, seja lá em qual maturidade o profissional experiente tiver não é uma atitude favorável para a felicidade profissional e pessoal, afinal de contas, uma área interfere diretamente na outra. “Se você não se conhece, nunca vai descobrir em qual empresa se encaixa.”, relembra Maria Eduarda.

Além disso, com o fim da linearidade, as habilidades e competências estão em movimento, pedindo um aprendizado constante dos candidatos. Lana defende o conceito de long life learning, que nada mais é o constante aprendizado e treinamentos durante a vida inteira, porém sempre em uma área que faz o profissional feliz e realizado. “O que eu aprendi provavelmente estará obsoleto no ano que vem, mas nós podemos nos movimentar e impulsionar nossa própria trilha, nossa própria carreira.”

Na percepção das especialistas, o match cultural é uma tendência que se relaciona com a liberdade, seja no processo seletivo ou na capacidade de explorar mais de um caminho profissional.
fonte: www.forbes.com.br