O que a sustentabilidade e a empregabilidade tem em comum?

Por muitos anos, a sustentabilidade ficou muito ligada à questão ambiental. Mas hoje, o tema social está muito forte na pauta e muitas empresas já estão olhando para ele com mais atenção.

Um exemplo disso é a Accenture, que desde 2013, tem um projeto chamado Start, que capacita jovens vulneráveis de 12 a 24 anos, e é realizado em parceria com a Rede Cidadã. Os jovens são capacitados em tecnologia e depois são empregados na própria empresa ou em empresas parceiras. 

Hoje, 60% das pessoas do programa são mulheres e 70% de negros. Ele já formou mais de 2 mil pessoas no Brasil todo, e dessas pessoas, mais de 1.300 foram empregadas – 800 dentro da própria Accenture. 

Em Recife, por exemplo, mais da metade das contratações da base da pirâmide vem do programa Start – ele foi a porta de entrada de outros vários programas de recrutamento da empresa. 

Empresas pensando no impacto social

Dando um outro exemplo de empresa que está olhando para o seu papel na sociedade e vendo como melhorá-la, no Mercado Livre, muito se discute como é possível gerar impacto social por meio da empregabilidade, seja olhando para as pessoas que vão contratar, seja olhando para a cadeia de valor como um todo. 

Hoje, a empresa tem dois focos principais: um olhando para incorporação de talentos pensando na diversidade, e outro para a formação de jovens nas comunidades onde o Mercado Livre opera. 

Enquanto isso, o programa Young Culinary Talent, da Nestlé, já capacitou mais de 3 mil jovens desde 2015. O programa sempre foi uma capacitação presencial, que era realizada dentro da empresa, mas em 2021 foi lançada uma plataforma virtual. 

O projeto é focado para jovens com renda limitada e que querem atuar no segmento de gastronomia. O intuito é ajudar essas pessoas a entrarem no mercado de trabalho. São três pilares:

  • inspirar os jovens
  • capacitar
  • empregabilidade

O digital aumentando a empregabilidade

A pandemia da Covid-19 mostrou o potencial que a tecnologia tem de gerar um impacto efetivo na vida das pessoas, e é um aprendizado que veio para ficar. A tecnologia transformou não só as relações com o todo, como também está mudando muito o mercado de trabalho. 

Ela permite um ganho de escala, rompendo barreiras geográficas, criando redes, conectando diferentes atores e promovendo o diálogo. Na medida em que estamos conectados, conseguimos ter acesso a informações que fisicamente talvez não fosse possível.

E a tecnologia também trouxe muito mais velocidade. Os jovens são super conectados, mas muitas vezes eles não sabem como chegar na empresa. 

Muitos não tem nem LinkedIn, não sabem nem como buscar um emprego. E o contrário também acontece: as empresas querem buscar esses jovens e muitas vezes não sabem como. 

É papel desses projetos desenvolvidos pelas empresas usar a tecnologia para fazer essa conexão! 

Capacitação para a empresa e para o mercado

Seja nos programas que mostramos nos exemplos acima, da Accenture, do Mercado Livre e da Nestlé, muitas vezes, não é possível absorver todas as pessoas que são capacitadas pelos programas. Mas isso não chega a ser um problema, pois é aí que entra o mercado.

Quando se pensa em capacitação profissional é preciso formar jovens que se adaptem às várias empresas. Isso é importante para elas conseguirem crescer na carreira e ir para outros lugares.

Hoje em dia, as empresas estão buscando jovens que conseguem se adaptar, que estejam abertos para conhecer coisas novas, a pensar um pouco mais fora da caixa. 

Mas é importante pensar na sustentabilidade do programa. Infelizmente não é possível contratar todo mundo, mas se for formado um ecossistema, é possível beneficiar mais pessoas. 

E isso tem muito a ver com o ESG, de gerar valor para todas as partes envolvidas. 

O que é ESG

A sigla ESG significa, em inglês, Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança, em português), e é usada para medir as práticas ambientais, sociais e de governança de uma empresa.

Ele pode ser usado para mostrar o quanto um negócio busca formas para minimizar o seu impacto no meio ambiente, construir um mundo mais justo e responsável para as pessoas em seu entorno e manter os melhores processos de administração.

O ESG também pode ser usado para investimentos com critérios de sustentabilidade, ou seja, em vez de analisar somente os índices financeiros, por exemplo, investidores também observam fatores ambientais, sociais e de governança da empresa

Qual a origem da sigla ESG?

A sigla ESG surgiu pela primeira vez em 2005, no relatório intitulado “Who Cares Wins” (“Ganha quem se importa”, em tradução livre), resultado de uma iniciativa liderada pela ONU – Organização das Nações Unidas.

Na época, 20 instituições financeiras de 9 países diferentes, incluindo do Brasil, se reuniram para desenvolver diretrizes e recomendações sobre como incluir questões ambientais, sociais e de governança na gestão de ativos, serviços de corretagem de títulos e pesquisas relacionadas ao tema.

O relatório concluiu que a incorporação desses fatores no mercado financeiro gerava mercados mais sustentáveis e melhores resultados para a sociedade.

E o que significa cada letra da sigla?

A sigla ESG une três fatores que mostram quanto uma empresa está comprometida em ter uma operação mais sustentável em termos ambientais, sociais e de governança.

Cada letra tem um significado:

E (environmental – ambiental)

A letra E se refere às práticas de uma empresa em relação à conservação do meio-ambiente e sua atuação sobre temas como:

  • Aquecimento global e emissão de carbono;
  • Poluição do ar e da água;
  • Biodiversidade;
  • Desmatamento;
  • Eficiência energética;
  • Gestão de resíduos;
  • Escassez de água.

S (social)

A letra S diz respeito à relação de uma empresa com as pessoas que fazem parte do seu universo. Por exemplo:

  • Satisfação dos clientes;
  • Proteção de dados e privacidade;
  • Diversidade da equipe;
  • Engajamento dos funcionários;
  • Relacionamento com a comunidade;
  • Respeito aos direitos humanos e às leis trabalhistas.

G (governance – governança)

A letra G se refere à administração de uma empresa. Por exemplo:

  • Composição do Conselho;
  • Estrutura do comitê de auditoria;
  • Conduta corporativa;
  • Remuneração dos executivos;
  • Relação com entidades do governo e políticos;
  • Existência de um canal de denúncias.

Inclusão nas empresas

Sabemos que criar programas de inclusão não é uma tarefa fácil. A Accenture teve que quebrar barreiras na inclusão de pessoas. Até 2013, a empresa tinha como política só contratar pessoas que soubessem o idioma inglês e que pelo menos estivessem cursando a universidade – e muitas vezes não havia a necessidade desses pré-requisitos para o que a pessoa iria desempenhar no dia a dia. 

Com o programa Start, um dos questionamentos foi: e se a gente contratar as pessoas e dar subsídio para ela cursar uma graduação e fazer um curso de inglês? Com isso, ela pode se desenvolver dentro da empresa e consegue ser promovida. 

Com o programa dando cada vez mais bons resultados, a Accenture, hoje, é uma empresa muito mais diversa, com pessoas de diferentes conhecimentos, e isso só soma para a companhia. 

Os jovens chegam na empresa querendo mostrar trabalho – o turnouver deles é muito melhor do que os contratados no mercado – e muitos já foram promovidos. 

Isso só mostra que a diversidade traz muitos benefícios para a empresa. Além da questão do turnover, há uma questão de fomentar a inovação. Para atender um mercado tão diverso, é importante que a diversidade comece dentro de casa. 

Olhar para a diversidade e sustentabilidade como um diferencial competitivo, é importante para fortalecer o diálogo interno e para mostrar o impacto positivo no negócio. 

Não olhar para a diversidade é ficar para trás, tanto no ponto de vista do negócio quanto no ponto de vista de liderança. É importante mostrar para os líderes que inclusão não é uma caridade, ela faz sentido para o negócio também. 

Habilidades do futuro

Pensando no futuro do trabalho, as quatro habilidades que vão ser mais exigidas são:

  • flexibilidade
  • capacidade de aprendizado
  • equilíbrio
  • boa comunicação

Estamos falando cada vez menos de contratar especialistas e de cada vez mais competências sócio-emocionais e da capacidade de trabalhar em equipe. 

A tecnologia vai estar cada vez mais presente, mediando as relações de trabalho, mas se olharmos para essas capacidades, com certeza é possível incorporar qualquer tipo de pessoa na empresa.

Sustentabilidade é algo que vai estar no currículo do futuro. O jovem precisa entender o momento em que estamos vivendo e qual é o papel dele no futuro.

Além disso, é importante aprender a aprender. É preciso preparar as pessoas para que elas sejam eternas alunas, pois num mundo com tanta mudança e transformações tecnológicas, o mercado muda a todo instante. 

Com isso, as pessoas precisam saber se reinventar. E o e-learning veio para ajudar nisso, a pessoa tem autonomia para aprender, seja uma habilidade nova, seja para reciclar um conhecimento. 

O papel da empresa nesse futuro

As empresas sabem que existe um gap de mão de obra qualificada no Brasil, mas não adianta só reclamar desse cenário e não fazer nada. É importante que as empresas sejam pró-ativas, deem oportunidades e invistam em projetos sociais.

Empregabilidade é um desafio, mas ela é ainda mais uma oportunidade de gerar um impacto positivo. 

Se a gente juntar a demanda que a empresa tem de contratar, com a demanda que os jovens têm de se inserir no mercado de trabalho, mais a demanda de gerar novos talentos, há muitas ferramentas para a construção dessas parcerias e gerar impacto positivo para todo mundo!