A sua empresa permite que os colaboradores sejam criativos?

Você utiliza seus funcionários para ter ideias criativas de assuntos estratégicos como expansão de mercado, geração de receita e até novas maneiras de melhorar a saúde dos colaboradores e reduz os custos com assistência técnica? Ideias criativas adicionadas a desenvolvimento aprimorado geram impacto positivo nos resultados e isso é tudo que uma equipe de gestão almeja.

A criatividade é um assunto muito subjetivo, pois não há receita mágica para fazer com que ela simplesmente aconteça. Arriscamos dizer que é preciso ser muito criativo para abastecer um ato de criatividade. O grande erro dos líderes é querer atribuir um caminho, definindo quem pode contribuir e como será essa geração de criatividade. Entretanto, o caminho mais criativo é definir qual é o objetivo final e pedir para que todos contribuam. A união de diferentes ideias pode ser a solução perfeita para a necessidade do momento.

Richard Florida fez um estudo chamado de Classes Criativa onde categorizou os empregos que são necessários ter discernimento, capacidade de tomada de decisões e geração de ideias. Os resultados indicaram que 77% dos cargos no mundo requerem pouca ou nenhuma destas três atitudes que são consideradas criativas, ou seja, a criatividade dessas pessoas não está sendo aproveitada. A verdade é que para muitos líderes, é desafiador enxergar se os seus liderados estão ou não sendo criativos. Muitos acham que acionar o potencial criativo do seu time pode ser um processo caótico.

Nada melhor do que um case de sucesso para exemplificar esse assunto: uma empresa teve um lucro que não estava planejado no valor de US$2 milhões. A ideia era alocar de forma proporcional nos orçamentos que tinham sido aprovados no ano. No final das contas, não seria destinado tanto dinheiro para cada orçamento, já que eram muitos, mas seria uma forma justa de oferecer uma fatia desta verba para todos da equipe. Como consultor de inovação, eu sugeri a seguinte ideia: fazer um hacktathon de ideias criativas. Objetivo era convidar a todos da empresa para apresentar uma nova ideia para diretoria e explicar como esse insight iria funcionar se colocado em prática.

A equipe de líderes da empresa não aceitou de forma positiva a minha ideia e alegaram que isso geraria uma grande confusão dentro da corporação. Além disso, inconscientemente, iniciaram uma construção de barreiras definindo quem poderia ou deveria ser criativo dentro das equipes e quais eram as áreas e estratégias que deveriam ser consideradas para a criação dessas ideias. Na visão deles, se o caminho fosse definido, o resultado seria muito mais eficiente, já que abrir a mente e não colocar regras poderia levar a diversos becos sem saída e ideias sem fundamentos que gastariam o tempo de todos na empresa. Nem preciso dizer que todos eles estavam simplesmente impedindo que a equipe fosse criativa, não é mesmo?

O primeiro passo foi mandar um e-mail geral, para toda a empresa, explicando que estávamos dando uma oportunidade inesperada de investimentos em ideias. Deixamos claro que queríamos a ajuda dos colaboradores para entender o que eles gostariam de resolver, fazer ou solucionar com esse investimento. As únicas 3 coisas que foram impostas neste evento de criatividade foi:

  • Montar uma equipe, pois acreditávamos que a colaboração aumenta a inovação. Isso proporcionou que não recebêssemos ideias repetidas e que pudéssemos de forma fácil correlacionar as ideias que se encaixassem.
  • Pedimos que as equipes montassem um plano. As ideias poderiam gerar receita, aumentar a participação do mercado e reduzir custos da empresa. Para isso, analistas de negócios ficaram disponíveis para ajudar os times que solicitassem informações ou ajuda.
  •  A equipe tinha que nos explicar por que a ideia era relevante e importante para a empresa como um todo naquele momento.

E adivinhem: o caos não aconteceu e a criatividade surgiu de formas que nem imaginávamos. Gostaria de destacar duas das inúmeras ideias que esse evento gerou: a primeira, foi trocar a ordem os pratos servidos na lanchonete, oferecendo as comidas mais saudáveis antes das menos saudáveis. A segunda foi colocar avisos perto dos elevadores que encorajassem as pessoas a usarem as escadas, aumentando a consciência com a relação da prática de atividades físicas e bem-estar.

Para lhe dar um resultado de forma reduzida, todas as ideias colocadas em prática tiveram uma redução de 20% nos gastos com assistência médica corporativa. Os líderes tiveram uma agradável surpresa e perceberam quantos talentos criativos trabalhavam dentro da empresa e eram capazes de empreender mudanças tão significativas.

É bem provável que você está sentado dentro de uma empresa que também possui muitos talentos com criatividade adormecida. Se você está em busca de mudar o raciocínio e iniciar o investimento em ações que despertem a criatividade dos colaboradores, veja quais são os 3 mitos relacionados a criatividade.

3 mitos da criatividade

  1.     A criatividade não precisa estar em todas as pessoas de forma explícita: a criatividade não vem somente do conhecimento ou da contratação da “pessoa certa”. Muitas vezes experiências de vida e novas perspectivas são o suficiente para que as pessoas possam ativar o modo criativo. Para isso, você pode usar uma pergunta bem aberta como: “o que você gostaria de mudar para melhor (no setor, na equipe, na empresa)?”
  2.     Processos são matadores da criatividade: isso só é verdade se o seu processo não funciona. Os processos que funcionam podem ser usados como protetores das metas e pode deixar o “como” em aberto. Se a sua equipe for treinada para gerenciar o trabalho, se auto organizarem, gerarem novas ideias e para colaborarem para chegar ao resultado final, elas já estão sendo criativas. Um processo engessado e ineficiente é que mata a criatividade.
  3.     Quanto maior o salário, maior a criatividade: durante muito tempo acreditou-se que a criatividade deveria ser bem paga para a pessoa se sentir motivada a ser mais criativa. Encontrar o propósito e reconhecer suas paixões são os melhores combustíveis para a criatividade. Usando o exemplo acima, a colaboradora que sugeriu a mudança na lanchonete utilizou a sua paixão por comida mais saudáveis e isso foi o suficiente para ela ser recompensada com a criatividade e força para levar a sua ideia adiante.

Agora que você já sabe quais são os 3 principais mitos da criatividade, fica mais fácil de você derrubar essas barreiras e acreditar na capacidade da sua equipe. A habilidade criativa focada na solução de problemas é uma das habilidades que mais será buscada nos próximos anos em processos de recrutamento e seleção.

Quando permitimos que os colaboradores contribuam no trabalho com ideias, as empresas se beneficiam desses atos criativos a curto e longo prazo. Criatividade não é uma habilidade específica, mas saber utilizar a nossa perspectiva específica para gerar soluções a problemas é. Foque em despertar a paixão, a excentricidade e a ingenuidade para inspirar novas ideias.

 

Fonte: https://hbrbr.uol.com.br/colaboradores-criatividade/